quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Oficina de Crítica Cinematográfica

8/11 Apresentação do Projeto Editorial de Juliette Revista de Cinema
Josiane Orvatich

9/11 Teoria e Crítica Cinematográfica
Eduardo Baggio

15/11 Análise do Texto Crítico
Nikola Matevski

16/11 A Resenha Crítica Jornalística
Rudney Flores

22/11 Exercícios de Crítica Cinematográfica
Josiane Orvatich e Nikola Matevski

* As duas melhores críticas produzidas na oficina serão publicadas em Juliette Revista de Cinema

Horários:8/11 14h às 16h9 a 22/11 9h às 12h e 14h à 17h

Valor:R$180,00

Informações e inscrições:41 8406.1520
revistajuliette@terra.com.br

Local:
p a r a l e l o: centro de artes visuaisConselheiro Araújo, 315 Curitiba-Pr

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Lembranças do Novo Cinema Argentino (Trecho)

Por Andrés Di Tella

1.

Em algum momento dos anos 80, eu estava sentado em uma sala meio vazia da Rua Lavalle, de Buenos Aires, vendo desfilar as imagens de um filme argentino, de cujo nome não quero me lembrar. Para lutar contra a típica sensação de frustração e impotência que produzia o cinema argentino daqueles anos, em minha condição de jovem cineasta incipiente, me distraía com um exercício imaginário: pensava como poderia ter contado a mesma história de outro modo, com outros diálogos, outras atuações, outras imagens. Mas não podia, pois era literalmente inimaginável. O cinema nacional havia me limitado. Era como se filmar do modo argentino fosse impossível sem impostação, sem retórica, sem essa gramática de planos e contraplanos de onde se notava cada corte e o peso de todo um aparato deslocando-se tediosamente de um posicionamento de câmera ao próximo. A impressão que causavam esses filmes era a dos roteiros filmados, melhor ou pior, mas muito distantes do potencial expressivo do cinema. Cheguei a conhecer alguns desses diretores, e me surpreendeu sua aparente falta de interesse pelo cinema e o seu total desconhecimento mesmo que seja dos nomes dos mais importantes cineastas da atualidade. Atrás de uma atitude de ter o cinema como uma profissão a mais, davam a impressão que, efetivamente, podiam estar desempenhando qualquer outro ofício. Logo, se podia pensar que a única arte que um cineasta desses anos deveria conhecer era a arte de se dirigir aos órgãos oficiais para conseguir subsídios. Sei que qualquer generalização deste tipo é ridícula e que seria injusto levá-la muito a sério. Mas trato de explicar, de maneira torpe, uma sensação. Quando escuto ou leio que alguém coloca em dúvida a existência de um “Novo Cinema Argentino”, me lembro dessas sensações de espectador de filmes nacionais e não me cabe dúvida alguma de que algo, profundo, mudou.

O artigo completo do cineasta argentino Andrés Di Tella, em tradução inédita de Rafael Urban, pode ser conferido na edição 002 de JULIETTE Revista de Cinema.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Entrevista JULIETTE 002 (Trecho)

Entrevista com Carlos Reichenbach
Cineasta gaúcho radicado em São Paulo

Josiane Orvatich: O seu pai era editor da revista Lady, na década de 50, uma das primeiras chamadas “revistas femininas” no Brasil. Você disse em outras entrevistas que começou a se interessar por cinema por causa de um roteiro publicado nela. Como era o conteúdo desta revista?
Carlos Reichenbach: O meu pai era um industrial gráfico e foi bastante respeitado na época, pois ele dirigiu uma revista muito popular na década de 1950, a Seleções Reader’s Digest. Até hoje eu encontro gente que me pergunta: “Você editava a revista Seleções?”; e eu digo: “Não, era o meu pai que tinha o mesmo nome”. Ele também editou e lançou no Sul a revista Casa e Jardim. Ele começou no Brasil o que chamamos de imprensa dirigida: lançou a primeira revista para médicos, O Médico Moderno, a primeira revista com publicação voltada para o produtor agrícola, Dirigente Rural. Mas o projeto pessoal da vida dele foi essa revista Lady, que foi a primeira voltada para mulheres que não tinha fotonovela. Ao contrário, tinha um grupo de redação com intelectuais de ponta e escritores. Tinha, inclusive, coluna de política. De certa forma, ela foi uma revista meio pioneira, era uma revista de viés quase que intelectual para um público acostumado com fotonovela.

J.O: Ela tinha uma seção de cinema ou eventualmente tratava sobre o tema?
C. R.:Nessa época não tinha Cláudia, Nova, que só foram criadas duas décadas depois. Então, nesse sentido, a Lady foi extremamente pioneira. O que teve um preço muito alto, custou a saúde do meu pai e os dois infartos que ele teve para poder manter a revista viva. A publicação tem uma importância histórica, pois é nela que foi publicada a novela Jovita, de Dinah Silveira de Queiroz, que o cineasta Oswaldo Sampaio se interessou em adaptar para o cinema. Quando o roteiro ficou pronto, foi feita uma leitura pública, mas pequena, para poucas pessoas. E esse foi o meu primeiro contato direto com o texto cinematográfico e algo que me impressionou demais. A leitura do roteiro de Jovita, que infelizmente não foi filmado, foi a primeira coisa que me despertou a minha curiosidade pelo cinema, especificamente pelo roteiro cinematográfico.

J.O.:E como você entendia o cinema naquela época?
C.R.:Para mim, desde muito cedo, o cinema tinha esse aspecto de corresponder a uma soma de outras expressões culturais, como a literatura, a dramaturgia e a música, que foi a atividade que, indiscutivelmente, me conduziu ao cinema. É muito louco porque quando me perguntam até hoje qual foi o primeiro filme que me fez gostar de cinema eu não hesito em dizer que foi uma fantasia “infanto-surrealista” chamada Os 5000 mil dedos do Dr. T (1953), de um diretor chamado Roy Rowland. É um filme cheio de fantasia e sonhos que narrava a história de um aluno que era torturado pelo seu sádico professor de piano. De certa forma, a minha formação foi bastante traumatizante. Antigamente se ensinava o piano com muito rigor, especialmente a musica clássica. Eu fui aluno do primeiro curso de cinema de nível universitário aberto em São Paulo, chamado Escola Superior de Cinema São Luiz. Era um curso pago, uma instituição católica ligada à Faculdade de Economia São Luiz, e eu paguei com os cachês que recebia por tocar em clubes de campo e desfiles de moda como tecladista de um grupo musical chamado TNT Trio. De certa forma, o cinema também sempre esteve muito ligado à música na minha formação. Por isso eu digo: o filme que me fez apaixonar-se por cinema foi um onde a música é personagem. A música e a literatura foram as coisas que me conduziram ao cinema.

A continuação desta entrevista, realizada por Josiane Orvatich, encontra-se na edição 002 de JULIETTE Revista de Cinema.

Editorial JULIETTE 002

“A meu ver, não há nenhum motivo de surpresa se o artista moderno for chamado de fora-da-lei. Na verdade, o que diferencia o artista moderno do acadêmico é, simplesmente, o fato de ser ou não inofensivo. E esta última posição, embora incômoda, é a única que me acalma a consciência.”
Rogério Sganzerla

A revista JULIETTE deste mês vem inspirar-se em questões do cinema marginal, apesar deste termo já não ser mais defendido nem mesmo por seus integrantes. A pergunta de nossa personagem sadeana continua sendo, desde a primeira edição com inspiração em Theodor Adorno, sobre os limites da arte, sua ofensividade e violência sobre a realidade ou sobre sua impossibilidade de ação.

A arte é ação ou reflexo de ações, inofensiva ou determinante?

Desta forma, discutir o papel da crítica de arte, tendo no recorte de JULIETTE a arte cinematográfica, torna-se discussão fundamental para definir de que modo o mundo contemporâneo localiza a obra de arte. Como já citamos Adorno, podemos apontar para sua preocupação quanto ao não-perigo da manifestação artística, já embutida no sistema capitalista e, como bom autor de influência marxista, diluído num sistema massificado de compreensão de mundo.

Debater a respeito da arte não trata de delegar a ela uma função, senão cairíamos na cilada “utilitarista”. Porém, perceber seus movimentos e, sobretudo, sua ação como atuação na realidade, deve ser a meta daquele que se lança à atividade crítica.

Nesta edição trazemos algumas destas questões nuançadas em artigo de Eduardo Baggio, referindo-se diretamente à leitura da crítica cinematográfica brasileira, contribuindo para o pensamento acerca da necessidade de transformar em outro tipo de linguagem – a crítica – uma linguagem que, talvez, devesse esgotar-se em si mesma – a arte.

Ainda em reflexão sobre a própria atividade artística apresentamos artigo de Andrés Di Tella, cineasta argentino, em tradução inédita para o português pelo co-editor de JULIETTE Rafael Urban. E, continuando a situar o contexto fílmico da Argentina, a jornalista Mariana Sanchez traz para a discussão o cinema de Lucrecia Martel.

A entrevista deste mês, realizada por esta editora, é com Carlos Reichenbach, representante do cinema de invenção, o também já nomeado cinema marginal. Na conversa poderemos conferir, além de um percurso histórico deste cinema e da própria obra do cineasta, a polêmica acerca das nomenclaturas e da estética cinematográfica brasileira.

Temos ainda, fora do eixo cinematográfico latino, o cineasta Rodrigo Grota comentando a inventividade de Robert Bresson.

Continuemos com a língua solta, aguardando a próxima edição.
Merci.

Josiane Orvatich

domingo, 5 de outubro de 2008

OUTUBRO: Lançamento JULIETTE 002

A Revista JULIETTE do mês de outubro será lançada durante o Festival de Cinema do Paraná, na livraria do Festival, localizada no MUSEU OSCAR NIEMEYER, quarta-feira, dia 08 de outubro, a partir das 18 horas.
JULIETTE vem inspirada no cinema “marginal” paulistano, trazendo entrevista inédita com CARLOS REICHENBACH por Josiane Orvatich e refletindo sobre o papel da crítica cinematográfica brasileira em artigo de Eduardo Baggio.
Ainda percorrendo o cinema latino-americano apresentamos artigo de Andrés Di Tella, cineasta argentino, em tradução de Rafael Urban e artigo sobre Lucrecia Martel pela jornalista Mariana Sanchez.
Fora do eixo cinematográfico latino, o cineasta Rodrigo Grota comenta a inventividade de Robert Bresson.

Com arte de Lucía Alvarez, desenhos de Vitor Aiolfi, produção de João Krefer, Josiane Orvatich e Murilo Wesolowicz, a Revista JULIETTE conta com os apoios de:

ASCINE – RJ
GP7 CINEMA E ATORES
JAGUADARTE FILMES e
TÉCNICÓPIAS

Serviço
Lançamento Revista de Cinema JULIETTE 002
08 de outubro de 2008, Quarta-feira
A partir das 18h
MUSEU OSCAR NIEMEYER (MON) - Festival de Cinema do Paraná